Texto: Thaís Melo
O audiovisual nos entrega muitas vezes um mundo de magia e encanto, mas por trás do aparente glamour os profissionais da área enfrentam diversas vezes condições de trabalho exaustivas e precárias. Com jornadas de 12 horas de trabalho, o que já parece muito, eles têm “sorte” se a regra das 12 horas for realmente cumprida. Isso devido a muitas produções exigirem dos profissionais horas extras em uma jornada de trabalho que já é extensa e intensa.
Além do trabalho diário em excesso, os profissionais que trabalham na área do audiovisual muitas vezes ainda lidam com atrasos de pagamentos, assédio moral, má alimentação durante o expediente, e desrespeitos com os direitos trabalhistas.
Em diversas produções não existe final de semana ou feriado. Já foram até criadas campanhas por sindicados para exigir o mínimo: limite máximo nas horas de trabalho por dia.
Já é difícil para os profissionais da área lidarem com a falta de incentivo financeiro, com os imprevistos que podem ocorrer durante as filmagens e com o fato de que muitos desses profissionais não tem um emprego fixo. Ou seja, ficam trabalhando de produção em produção como freelancers, com contratos que duram somente até o final daquela obra específica. O que gera a incerteza de quando o profissional vai conseguir o seu próximo trabalho.
Justamente pelo fato da maioria das pessoas que atuam na área viverem com essa incerteza eles acabam suportando situações ruins para manter o emprego da vez. E isso vai desde o assédio moral até as cargas de trabalho exaustivas.
Horas extras não remuneradas, sobrecarga, assédio sexual e pressão constante por falta de descanso adequado. Afinal, esses profissionais trabalham durante o dia e muitas vezes também durante a noite em gravações noturnas tendo somente o tempo para dormir entre uma gravação e outra.
Junte a falta de descanso com o fato de a pessoa ficar semanas, e às vezes até meses, vivendo totalmente em função do trabalho e o resultado é que até o mais prazeroso dos empregos acaba ficando exaustivo e fazendo mal para a saúde física e mental desses profissionais.
Com a chegada do novo governo e o fim da pandemia de Covid-19 o mercado audiovisual está aquecido e muitas produções estão em andamento seja para a TV, cinema ou para o streaming. Mas é importante que essas oportunidades de trabalho respeitem as leis trabalhistas e ofereçam condições decentes de trabalho para esses profissionais.
Essa reinvindicação de melhorias nas condições de trabalho no mercado audiovisual é mundial e não apenas no Brasil, o que só mostra que nessa área se perpetuou ao longo das décadas essa cultura trabalhista deturpada e cruel com os trabalhadores.
Pois embora o resultado de seus esforços muitas vezes sejam obras que parecem mágica, as pessoas por trás delas são humanas e precisam de descanso, de tempo de qualidade com suas famílias, de respeito e de salários justos. Por isso a importância dos sindicatos que lutam pelos direitos desses profissionais e por mudanças efetivas nessa cultura trabalhista exaustiva.