A representação do Padre Cícero no audiovisual brasileiro
Texto: Thaís Melo
Cícero Romão Batista nasceu no interior do Ceará em 1844. Aos 12 anos ele fez um voto de castidade após ter lido sobre a vida de São Francisco de Sales. E em 1865 ele ingressou no Seminário da Prainha. Vindo de uma família humilde e tendo perdido o seu pai jovem ele foi um aluno mediano durante os anos de estudo no seminário. Mas se formou em novembro de 1870 quando foi ordenado, como ele ainda não tinha sido designado para nenhuma paróquia voltou para sua cidade natal Crato e ficou dando aulas de latim.
Cerca de um ano depois em 1871 ele visitou pela primeira vez Juazeiro para celebrar uma missa. A comunidade local se encantou pelo padre e ele pelo local, por isso em 1972 ele se mudou para a região. E foi lá onde ele começou a pregar ensinamentos.
O padre ajudou a comunidade durante a grande seca que assolou o Nordeste na década de 70 e ao distribuir conselhos, pregações e estar presente para as pessoas não só em sua capela, mas também em visitas domiciliares ele foi ganhando a confiança e a simpatia das pessoas. Ele ainda recrutou um grupo de mulheres solteiras e viúvas para lhe ajudar a levar os ensinamentos e o auxílio necessário para os membros da comunidade. Logo ele passou a ser amado na comunidade e sua fama se espalhou pelas localidades próximas.
Dentre os devotos de Padre Cícero ou Padim Ciço como ficou conhecido popularmente estava uma figura importante da história do cangaço no Brasil, o famoso cangaceiro Lampião. Ele se encontrou pessoalmente com o padre apenas uma vez, mas respeitava os conselhos e ensinamentos do sacerdote.
Sendo uma figura carismática e que se dedicava ao seu trabalho e a sua comunidade, o padre veio a falecer em Juazeiro do Norte com 90 anos em 1934. Muitos anos após a sua morte, o seu nome e o seu legado continuam gravados na história do povo brasileiro e em especial do povo nordestino. Em 1973 ele foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Brasileira e em 2022 o vaticano autorizou o seu processo de beatificação e ele recebeu o título de servo de Deus.
Tendo sido uma figura tão singular e importante que até os dias de hoje desperta a fé do povo nordestino ele já foi representado algumas vezes no audiovisual brasileiro. Em 1976 Hélder Martins de Moraes produziu o filme “Padre Cícero – Os Milagres de Juazeiro” que foi o primeiro longa-metragem colorido feito no Ceará. A obra foi marcante a ponto de em 2018 Raymundo Netto produzir o documentário “Padre Cícero: O filme” onde vemos por meio de depoimentos detalhes dos bastidores do filme “Padre Cícero – Os Milagres de Juazeiro”.
Outra obra que tem como foco a vida do padre é o filme “Sangue no Sertão: A história de Padre Cícero” de 2012 dirigido por Antônio Sagrado Bogaz. Em 2021 sua vida também foi contada na série “Cícero” onde o padre foi interpretado pelo ator Antônio Fábio. Essas são apenas algumas das obras audiovisuais que retratam a vida do padre, mas levando em consideração a relevância dessa figura muitas outras ainda devem ser feitas.