Texto: Thaís Melo
Na matéria sobre a história do cinema no Brasil explicamos que uma das correntes que surgiram na década de 50 no país foi o Cinema Novo. Hoje vamos nos aprofundar mais na história dessa corrente e explicar melhor esse movimento e como ele foi importante para o desenvolvimento do cinema brasileiro.
Na década de 50 o cinema brasileiro era dominado pelos filmes inspirados em Hollywood. Após o fim da Segunda Guerra Mundial, que teve como resultado os Estados Unidos saindo como grande potência mundial, a cultura norte-americana passou a estar presente na arte de diversos outros países, dentre eles o Brasil. Com isso, o cinema que seguia o estilo hollywoodiano passou a ser o estilo dominante nas salas de cinema do país.
Os filmes que seguiam esse estilo em geral eram filmes épicos, musicais ou comédias. Buscando um cinema mais autoral e que refletisse melhor a realidade do povo brasileiro surgiu no final da década o Cinema Novo, consistindo em uma corrente cinematográfica que buscava por meio de suas obras fazer críticas sociais e retratar o Brasil de verdade e não apenas emular o cinema hollywoodiano.
Esse tipo de cinema foi criado por um grupo de cineastas e tinha como lema “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Um nome que se destaca entre os diretores que seguiam esse estilo de cinema é o de Glauber Rocha. Fazendo um estilo de cinema muito autêntico e que se preocupava em retratar bem o país, em especial o Nordeste brasileiro, colocando críticas sociais em suas produções.
Outros nomes também se destacam no movimento como Ruy Guerra, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade e Roberto Santos que seguiam a mesma vertente, mas focando no sudeste brasileiro. Dentre as obras criadas por Glauber Rocha que refletem bastante esse tipo de cinema e que viraram clássicos do cinema nacional temos títulos como: Deus e o diabo na terra do sol (1964) e Terra em Transe (1967).
Por retratarem de forma crua a pobreza existente no país os filmes desse período também ficaram conhecidos como fazendo parte da “estética da fome”. Além da pobreza e desigualdade, outro tema recorrente nessas obras era a violência. Com o tempo os filmes foram ficando cada vez mais politizados, por isso mesmo, quando o país entrou em uma ditadura militar que durou de 1964 a 1985 essas obras começaram a sofrer censura.
Mas o cinema novo, que deu os seus primeiros passos na década de 50, conseguiu se consolidar ainda mais na década seguinte. E mesmo durante a ditadura militar conseguiu fazer dos anos 60 o auge desse tipo de obra que começou a perder espaço nos anos 70.
Nesse período o cinema novo começou a receber grande influência do movimento tropicalista que ganhava força no meio musical, junto a isso muitos cineastas foram exilados do país por conta da ditadura. Era o fim do cinema novo, que deu lugar ao cinema marginal, corrente cinematográfica que também fazia críticas politizadas as desigualdades presentes no país, mas tinha a sua abordagem própria. Mesmo após o seu fim é inegável a forma como o cinema novo mudou a maneira de se fazerem filmes no Brasil.
Antes as obras eram totalmente pensadas para seguir o estilo hollywoodiano e após o cinema novo o cinema brasileiro passou a buscar a sua própria identidade. Tanto que logo depois do seu fim a Embrafilme foi criada voltada para a produção e distribuição de filmes nacionais.