Texto: Thaís Melo
O cinema nacional vem crescendo a cada dia mais e novas produções audiovisuais não param de ser feitas seja para serem exibidas nos serviços de streaming ou nas telonas. Acontece que alguns problemas tem sido recorrentes quando se trata de exibir e produzir os filmes nacionais. O primeiro deles é a falta de salas para exibição.
Embora as salas de cinema existam a maioria delas é usada para exibir filmes estrangeiros, já os filmes nacionais além de terem poucas sessões de exibição ficam pouco tempo em cartaz. Sem falar que não são encontrados em todas as salas de cinema. Até em uma grande metrópole como o Rio de Janeiro muitas vezes filmes nacionais considerados mais alternativos são encontrados apenas na Zona Sul e Zona Norte da cidade.
Enquanto nos cinemas da Baixada Fluminense ou da Zona Oeste eles sequer são exibidos. E mesmo quando é um filme que os exibidores acreditam não ser tão alternativo, ainda assim, as sessões disponíveis são bem limitadas em relação às salas que exibem produções internacionais e o filme na maioria das vezes fica poucas semanas em cartaz. A exceção são produções que furam a bolha como os filmes da trilogia “Minha mãe é uma peça”.
Mas não é só esse o problema enfrentado para se fazer e distribuir um filme no Brasil. Outra grande questão é a distribuição de recursos para custear as produções que geralmente se concentram na região Sudeste do país. Enquanto isso regiões com uma riqueza visual e narrativa incríveis como a região amazônica acabam não sendo tão exploradas no audiovisual, por falta de recursos e às vezes até de mão de obra qualificada nesses locais. Já que faltam também cursos e graduações na área de cinema nessas regiões.
Em uma entrevista que já está disponível aqui no FilmInBrasil, o diretor do filme “Noites Alienígenas” Sérgio de Carvalho falou sobre essas questões e sobre como acaba sendo difícil fazer um filme no Acre justamente por essas razões. Outras regiões do país acabam enfrentando o mesmo problema.
Como resultado disso, temos cada vez mais produções com narrativas parecidas e com cenários parecidos, já que geralmente são sempre as mesmas cidades que tem os recursos para custear as produções. Com isso, acaba faltando diversidade no cinema nacional. Mesmo com o Brasil sendo um dos países mais diversos do mundo.
É importante que o cinema nacional tenha espaço nos cinemas, e acaba sendo ainda mais importante que a capacitação na área audiovisual e os recursos para se fazer um filme ou série, estejam disponíveis em todas as regiões do Brasil e não apenas no Sudeste.
No Norte, Nordeste, Centro Oeste e Sul do país também existem histórias a serem contadas, também existem cenários a serem explorados e principalmente existem novos olhares de cineastas dispostos a contar histórias. Mas que muitas vezes por falta de recursos acabam não conseguindo fazer isso ou quando conseguem encontram barreiras na hora de mostrar as suas obras para o mundo. Já que por aqui é bem mais fácil achar diversas sessões de um filme internacional do que uma sessão de um filme nacional feito fora do Sudeste.
No 1° Encontro Nacional de Gestores da Cultura que aconteceu em 14 e 15 de agosto desse ano em Vitória no Espírito Santo, essa falta de recursos e falta de diversidade foram algumas das pautas levantadas pelos cineastas presentes. Afinal, ninguém melhor do que eles para saberem onde vem faltando apoio para o audiovisual nacional.
O cinema brasileiro é rico em ideias e em pessoas dispostas a fazer a diferença, mas sem apoio e sem a oportunidade de retratar toda a diversidade brasileira em tela nosso cinema pode estar fadado a se limitar a mais do mesmo, ainda que por aqui não faltem profissionais talentosos.