Thaís Melo
Muitas produções nacionais não saem do papel por falta de verba para equipamentos e outros custos de produção
Trabalhar com audiovisual no Brasil não é fácil. Com jornadas de 12 horas de trabalho e a correria de um set de filmagem durante a produção de um filme, ou algum outro material audiovisual, os profissionais da área passam por uma rotina estressante, corrida e cansativa.
Não bastasse todo o desgaste envolvido os profissionais da área tem que lidar com uma barreira ainda maior, a falta de recursos. Para uma produção sair do papel existem custos com contratação da equipe, alimentação, transporte, aluguel das locações e o preço dos equipamentos cinematográficos.
A maior parte desses gastos varia de produção para produção, já que o tamanho da equipe, o tempo necessário para a filmagem, o número de locações e outros fatores podem ser alterados de acordo com a obra a ser filmada. Mas algo que raramente varia de acordo com a produção é o preço dos equipamentos.
Equipamentos esses que são necessários em qualquer produção audiovisual, mesmo que uma equipe de filmagem use apenas o básico ainda assim eles teriam que usar pelo menos: câmeras, lentes, equipamentos de iluminação como lâmpadas, difusores, rebatedores e refletores, um microfone afinal ter um áudio bom é fundamental, tripés e ainda tem os softwares para edição de vídeos, HDs para salvar todo o material filmado, um computador bom para conseguir editar tudo etc. Então, mesmo o básico acaba custando bastante quando se trata de fazer um filme, documentário ou série.
Uma filmadora profissional custa hoje pelo menos R$ 25.000 reais, e claro, existe ainda a possibilidade de alugar os equipamentos necessários, mas isso também não sai barato. Depois disso, é preciso lidar ainda com toda a burocracia a ser enfrentada para registrar o filme, sem falar na dificuldade de distribuição.
No Brasil as salas de cinema são obrigadas a passar no mínimo três filmes nacionais durante 28 dias do ano. Essa obrigatoriedade está em um projeto de lei aprovado em 2021 pela Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, mas ainda assim esse número é bem limitado. Principalmente levando em consideração a quantidade de filmes estrangeiros que ocupam por meses as salas de cinema e ainda tem uma verba de divulgação muito maior.
Para mudar essa situação e incentivar cada vez mais a produção do audiovisual brasileiro cabe ao governo e também a empresas privadas apoiarem as produções nacionais, investindo cada vez mais no produto nacional. E cabe a cada um de nós darmos mais apoio ao que é produzido aqui, divulgando filmes e séries, indo ao cinema assistir e parando de desvalorizar as produções feitas no país como muitas pessoas ainda costumam fazer.
O audiovisual brasileiro é plural, é parte da nossa cultura, é rico e lindo, mas precisa ser mais apoiado e valorizado para conseguir ainda mais reconhecimento. Profissionais qualificados e dispostos a fazer filmes memoráveis é o que não faltam no nosso país.