Texto: Thaís Melo
Com mais de 120 anos de história, o cinema nacional já passou por muitos altos e baixos. Vamos relembrar alguns fatos marcantes dessa trajetória.
O cinema teve o seu início oficial em 1885 quando os irmãos Louis e Auguste Lumière projetaram o filme Sortie de L’usine Lumière à Lyon (Empregados deixando a Fábrica Lumière) em um café de Paris. O curta-metragem tinha apenas 45 segundos de duração, mas marcou o começo do cinema. No Brasil a história do cinema teve seu início em 1896 na cidade do Rio de Janeiro com a primeira exibição de um filme realizada no país.
Em 1897 foi aberta a primeira sala de cinema do país chamada de “Salão de Novidades Paris”, localizada no Rio de Janeiro. O incentivo para a abertura do espaço veio dos irmãos italianos Paschoal e Affonso Segreto. Os dois também são considerados os primeiros cineastas a realizarem gravações no Brasil.
Alguns anos depois em 1897 e 1898 foram realizadas as primeiras filmagens no país. Nesses anos tivemos marcos importantes que foram fundamentais para o aumento do número de salas de exibição e para a divulgação do cinema em território nacional. Dentre eles um que se destaca é a chegada da energia elétrica em 1907.
Já as primeiras filmagens com histórias de ficção aconteceram no início do século XX. Em 1908 foi exibida a primeira película de ficção brasileira. Com 40 minutos de duração e intitulada Os estranguladores a obra foi dirigida por António Leal e Francisco Marzullo. O primeiro longa-metragem veio em 1914. Com mais de duas horas de duração o longa O crime dos banhados foi produzido, dirigido e fotografado pelo português Francisco Santos.
Tudo ia muito bem até que veio a Primeira Guerra Mundial que durou de 1914 a 1918 e com ela o declínio do cinema brasileiro. Os cinemas do país foram dominados por filmes norte-americanos (cinema de Hollywood) e as produções nacionais ficaram momentaneamente sem espaço.
Na década de 30 foi criado o primeiro grande estúdio cinematográfico do país, a Cinédia, e foi a partir daí que o cinema passou a investir em filmes chamados de chanchadas. Na década de 40 o cinema nacional voltou a ganhar força com as produções desse tipo. As chanchadas eram produções que exploravam a cultura brasileira, em especial o carnaval. Trazendo drama e principalmente comédia em seus roteiros eram, na essência, filmes musicais de baixo orçamento.
Já na década de 50 começou um período que ficou conhecido como Cinema Novo. Essa corrente cinematográfica criticava os filmes nacionais inspirados na forma como os estadunidenses faziam seus filmes em Hollywood. Eles traziam temas políticos para as suas produções, criticavam a desigualdade e chamavam a atenção para a extrema pobreza em que alguns brasileiros viviam.
Por isso mesmo, quando na década de 60 se instaurou uma ditadura militar no Brasil, os filmes do cinema novo passaram a ser censurados. Com a censura das obras com temáticas políticas outro gênero ganhou força. As pornochanchadas tomaram conta do cinema na década de 70, elas tinham algumas das características das chanchadas, mas também tinham cenas de teor erótico.
Uma corrente do cinema nacional que também foi prejudicada pela censura da ditadura militar foi o Cinema Marginal ou udigrúdi. Assim como o cinema novo essa corrente abordava questões políticas, mas de maneira mais radical e por isso foi bastante afetada pela censura.
Com o fim da ditadura militar o cinema nacional voltou a ter liberdade de expressão, mas ainda teve como empecilho uma crise financeira que o país enfrentou na década de 80. Só depois disso, já na década de 90 voltou a receber incentivo, e a partir disso começou a se reestabelecer e passou a explorar novos gêneros. Essa indústria foi evoluindo e experimentando até chegar ao cinema que temos hoje no país, que já é reconhecido e premiado internacionalmente. Vale ressaltar que o cinema brasileiro pode ser dividido em fases e algumas delas que só foram citadas aqui, serão abordadas de forma mais profunda em matérias futuras.