Texto: Jéssica Lucy / Foto: Davy Alexandrisky
De 08 a 11 de maio, às comunidades de Beltrão, Morro do Estado, Morro Juca Branco e Morro do Palácio, em Niterói, viveram dias de tela grande, emoção e pertencimento com a realização do Festival Favela é Coisa de Cinema. Mais do que exibições cinematográficas, o festival promoveu encontros potentes entre o audiovisual e o território, reforçando a importância da arte como instrumento de identidade e transformação social.
A proposta do festival foi simples e ao mesmo tempo revolucionária: levar o cinema até as favelas, e não o contrário. Em cada localidade, moradores se reuniram para assistir a sessões gratuitas, ao ar livre ou em espaços comunitários, com uma curadoria de filmes que dialogam diretamente com suas vivências, histórias e lutas. Para muitas pessoas, foi a primeira vez vendo um filme em projeção grande, com estrutura profissional, e ainda mais especial: se reconhecendo nas telas.
Mais do que espectadores, os moradores foram os verdadeiros protagonistas dessa ação. Desde o acolhimento da equipe, até os momentos de bate-papo e reflexão após as sessões, o festival foi pensado para criar espaços de escuta e diálogo.
O festival também cumpre um papel simbólico e político: quebrar estigmas que ainda cercam as favelas e mostrar a potência criativa desses territórios. Ao ocupar as comunidades com arte e afeto, “Favela é Coisa de Cinema” reafirma que cultura é um direito, e não um privilégio.
A primeira edição do festival foi um sucesso e abre caminho para que novas iniciativas possam surgir com o mesmo propósito: democratizar o acesso ao audiovisual, valorizar as narrativas periféricas e transformar as favelas em verdadeiros pólos culturais.
O “Favela é Coisa de Cinema” é mais do que um festival: é um movimento. Um convite para que o cinema se faça presente onde ele sempre deveria estar: ao lado do povo, dentro das comunidades, refletindo a pluralidade de vozes e olhares que fazem parte do Brasil real.