Texto: Thaís Melo
O mundo do cinema, assim como quase todas as profissões, ainda é uma área majoritariamente ocupada por homens e onde geralmente os homens ocupam posições de mais destaque do que as mulheres. Não que não existam mulheres no audiovisual, pois elas estão lá ocupando esse espaço um passo de cada vez e são tão capacitadas quanto qualquer pessoa. Mas ainda assim como consequência do machismo estrutural para elas acaba sendo mais difícil chegar a posições de destaque e ser relevante no meio cinematográfico. E tal situação não é apenas no Brasil, mas no mundo todo.
Um exemplo claro é o número de mulheres que já venceram o Oscar de melhor direção. Apenas três mulheres ganharam essa categoria em 95 anos de premiação. E apenas sete foram indicadas na categoria em todas essas décadas de existência da maior e mais relevante premiação de cinema do mundo. Sendo que a primeira vez que uma mulher foi indicada para concorrer na categoria foi apenas na edição de número 49 da cerimônia. A escolhida para desbravar esse caminho foi a italiana Lina Wertmüller, pelo filme “Pasqualino Sete Belezas”.
Foi apenas na edição de número 82 em 2010 que a primeira mulher conseguiu levar o prêmio para casa, a escolhida foi Kathryn Bigelow, pela direção do filme “Guerra ao Terror”. Depois dela mais duas mulheres conseguiram o feito, Chloé Zhao, com “Nomadland” em 2021 e Jane Campion pelo filme “Ataque dos Cães” no ano seguinte. Um feito histórico, já que pela primeira vez duas mulheres levaram o prêmio em anos consecutivos.
O Oscar é o exemplo mais óbvio de como essa indústria acaba sendo mais difícil para as mulheres, mas infelizmente não é apenas nessa premiação que elas enfrentam barreiras que os homens não precisam enfrentar. Nas premiações menores os homens também acabam sendo maioria tanto em número de indicações quanto em número de vitórias. Pensando em exaltar o trabalho feminino no meio cinematográfico estão surgindo alguns festivais só para mulheres. Onde todas as obras tem em comum o fato de terem sido dirigidas por mulheres.
Pensando nisso, separamos alguns desses festivais para que eles sejam ainda mais reconhecidos e prestigiados.
Cabíria Festival
O “Cabíria Festival” é um evento gratuito que acontece em São Paulo. No festival são exibidos apenas filmes com direção feminina. Com versão presencial e também online, o festival exibe filmes nacionais e internacionais. Tendo o objetivo de promover a diversidade e a representatividade no audiovisual o evento também promove debates, workshops e oficinas tudo com temas relacionados ao cinema. Na mostra são exibidos curtas e também longas-metragens.
Festival Feminina
Já o “Festival Feminina” conta com uma programação 100% online e também é gratuito. Ao todo o evento exibe em torno de 50 filmes sendo cerca de metade deles nacionais e a outra metade internacionais. Todas as obras são dirigidas por mulheres cisgêneros, transgêneros e também para pessoas não-binárias. O festival também faz uma competição entre os filmes exibidos e homenageia cineastas mulheres que foram importantes para a história do cinema.
FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema
O “FIM – Festival Internacional de Mulheres no Cinema” foi criado para mostrar o protagonismo feminino na frente e por trás das telas e para premiar e exaltar obras feitas por mulheres. O festival visa mostrar o trabalho de mulheres de todas as etnias, idades e nacionalidades. O evento exibe longas, médias e curtas-metragens e homenageia grandes mulheres do audiovisual. Além de oferecer cursos, debates, mentorias e palestras.
Mostra Mulheres no Cinema
A “Mostra Mulheres no Cinema” visa apresentar obras que mostrem os desdobramentos das lutas das mulheres. A mostra é gratuita e todas as obras exibidas foram dirigidas por mulheres e abordam temas que mostram a luta das mulheres. Além disso, a comissão da mostra também é toda composta por mulheres.
Ela Faz Cinema
Tendo tido a sua primeira edição em 2018 em Salvador o festival internacional “Ela Faz Cinema” tem o objetivo de promover uma mostra de cinema com obras feitas por mulheres. Os filmes podem ser de qualquer lugar do mundo e todos os filmes exibidos tem que ser dirigidos por mulheres sejam elas transexuais ou cisgêneros. Mas do que exibir os filmes, o festival também premia as melhores obras inscritas.
Enquanto infelizmente ainda não houver equidade entre os gêneros no mercado de trabalho e no meio do audiovisual festivais como esses seguirão sendo de grande importância para que cada vez mais o trabalho das cineastas sejam reconhecidos, exaltados e premiados.