Texto: Thaís Melo
Um período triste, mas que faz parte da história do Brasil e do mundo foi o período da escravidão que é retratado em diversas obras audiovisuais. Separamos algumas delas para aqueles que querem conhecer por meio da arte mais sobre esse triste fato do nosso passado. Mesmo sendo um momento ruim da nossa história é importante se informar sobre para entendermos um pouco melhor nossa cultura, nosso passado e até mesmo o nosso presente enquanto sociedade.
Entender melhor sobre esse período também pode ajudar na conscientização das pessoas e com isso talvez evitar atitudes racistas, uma maior aceitação e entendimento da origem e das vivências do povo negro que foi escravizado por tantos anos. A escravidão no Brasil começou em 1550 e durou até três de maio de 1888 quando a princesa Isabel Orleans e Bragança assinou a Lei Áurea.
Os portugueses chegaram ao Brasil em 1500, então apenas cinquenta anos depois a escravidão do povo negro já começou no país. Isso sem levar em conta os povos indígenas que também foram explorados pelos europeus antes disso. Tendo acabado oficialmente só em 1888 significa que foram mais de 300 anos de escravidão dos povos trazidos do continente africano.
Passamos mais tempo como uma nação escravista do que como uma nação sem pessoas escravizadas. O Brasil foi o último país a abolir o regime escravocrata, um título que definitivamente não é motivo de orgulho. E mesmo sendo um país tão miscigenado e com uma história que é impossível ser contada sem falar da escravidão. Ainda existe racismo no Brasil e infelizmente não é pouco.
Assim como o trabalho análogo a escravidão que agora não depende da cor da pele e sim da classe social. Já que muitas pessoas de classes sociais mais baixas acabam sendo enganadas e terminam em situações que configuram trabalho escravo. Recentemente inclusive, vinícolas conceituadas no país tiveram casos desse tipo de trabalho forçado expostos.
Embora não tenha como falar do nosso passado escravocrata sem pensar na dor dessas pessoas e em quanto tempo essa situação durou muitas obras de ficção retratam esse passado vergonhoso por meio da arte. Tanto na teledramaturgia quanto no cinema a história da escravidão no país já foi contada diversas vezes. Separamos algumas obras bem interessantes sobre o tema.
Xica da Silva (1976)
O filme “Xica da Silva” dirigido por Carlos Diegues se baseia no livro de mesmo nome e tem Zezé Motta no papel principal. A história se passa no século XVIII em Minas Gerais e conta a jornada de uma escrava que se une a um comendador para ter uma vida de luxo e o caso dos dois escandaliza a sociedade escravocrata da época. Contando com um elenco de peso o filme de 1976 foi apenas a primeira adaptação dessa história que anos depois deu origem a uma novela.
Quilombo (1984)
O filme de 1984 “Quilombo” é uma coprodução entre Brasil e França. Na obra dirigida por Cacá Diegues acompanhamos um pouco da história do Quilombo dos Palmares e a disputa por poder entre Ganga Zumba e Zumbi que não concorda com as ideias de Ganga que até o momento era o líder do quilombo. Além de retratar uma figura tão importante da nossa história o filme ainda nos permite saber mais sobre como era a vida no quilombo.
Quanto vale ou é por quilo? (2005)
Dirigido por Sérgio Bianchi o filme de 2005 “Quanto vale ou é por quilo?” se propõe a fazer um paralelo entre o mercado de escravos e a exploração da pobreza feita por algumas ONGs nos dias atuais. Mostrando passado e presente a obra faz diversas reflexões pertinentes.
Todos os mortos (2020)
Em “Todos os mortos” de 2020 vemos uma narrativa que se passa 11 anos após a abolição da escravidão. Com direção de Marco Dutra e Caetano Gotardo a obra nós mostra mulheres bem diferentes tentando arrumar suas vidas. De um lado temos as mulheres da família Soares que eram donas de terras com escravos e não querem abrir mão de seus privilégios. Do outro lado acompanhamos Iná Nascimento uma mulher que foi escravizada por anos e luta para reunir os seus familiares.
Doutor Gama (2021)
A obra biográfica “Doutor Gama” de 2021 conta a história de Luiz Gonzaga Pinto da Gama, que foi um jornalista, escritor e advogado abolicionista. No longa dirigido por Jeferson De vemos que ele nasceu como um homem livre, mas foi vendido como escravo pelo próprio pai como forma de pagamento por dívidas de jogo. Mesmo assim ele conseguiu estudar, apesar dos preconceitos que enfrentou, e ajudou a libertar mais de 500 escravos.
A teledramaturgia também já abordou o tema em diversas novelas como “Xica da Silva” (1996), “Escrava Isaura” (1976 e 2004), “Sinhá Moça” (1986 e 2006), “A padroeira” (2001), “Lado a Lado” (2012), dentre outras. Embora esse seja um tema sensível é muito importante que nunca caia no esquecimento. Afinal, esse episódio deplorável da história do Brasil e do mundo precisa ser lembrado para que nunca mais nada assim aconteça.