Texto: Thaís Melo
O cinema etnográfico foi criado na França na década de sessenta. Seu conceito foi criado por etnólogos que resolveram usar técnicas de cinema para documentar suas pesquisas, nomes como Marcel Griaule, Germaine Dieterien e Jean Rouch são apontados como os primeiros a idealizarem esse conceito.
Mas foi Robert Flaherty que ficou conhecido como o pai do cinema etnográfico após criar a docuficção e explorar o conceito do cinema etnográfico na maioria de seus projetos. Em 1922 ele filmou o documentário “Nanook, o Esquimó” usando o conceito de antropologia visual muito antes desse tipo de produção começar a ser feita por outros cineastas.
O conceito de cinema etnográfico consiste em um gênero de documentário que escolhem retratar grupos sociais sendo eles atuais ou do passado em suas obras. Mas a forma como esses cineastas resolvem documentar a vida desses grupos é sempre baseada em bastante pesquisa e em evidências antropológicas. Outra característica desse tipo de produção é que geralmente são obras feitas por diretores independentes.
O gênero também teve como característica o uso de câmeras de 16mm, que por serem mais leves facilitavam o trabalho na hora das filmagens assim como também se popularizou para esse tipo de produção o uso de gravadores portáteis.
Existem até festivais no Brasil dedicados exclusivamente a essa categoria de filmes. Como é o caso do “Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife” também conhecido como “Fifer”. O festival foi criado em 2009 por um coletivo vinculado a Universidade Federal de Pernambuco e desde então segue a cada edição com o mesmo objetivo, o de exibir e premiar produções que por meio de um olhar etnográfico explorem a cultura do outro. No norte do país temos outro festival que se propõe a exibir apenas produções desse tipo é o “Festival do Filme Etnográfico do Pará” (FFEP).
Uma característica peculiar desse tipo de cinema é que ele agregou conhecimento a dois campos de estudo bem distintos. A mudança criada pelo cinema etnográfico pode ser refletida tanto no audiovisual com essa nova linguagem a ser explorada quanto na antropologia que passou a ter uma nova maneira de documentar seus estudos e pesquisas.
O cinema etnográfico une conhecimentos entre a Antropologia e o Cinema para ir a fundo na forma de retratar a realidade de uma povo ou grupo social. Buscando revelar o outro, esse cinema vem desde o seu início rendendo belas obras que mostram por meio de perspectivas únicas e muito interessantes o “mundo” de um indivíduo ou grupo.